*** Os estigmas de Cristo em Padre Pio ***
Foram bem tristes os primeiros meses de 1918. A
guerra e a (gripe) “espanhola” haviam matado muitos da população e do convento.
O padre Pio teve as chagas de Cristo crucificado
que levou em seu corpo visivelmente durante 50 anos. Um pouco mais de um mês
depois de haver tido o coração transpassado, o padre Pio recebe os sinais,
agora visíveis, da
Paixão de Cristo. O padre descreve este fenômeno e graça espiritual a
seu diretor por obediência:
" Era sexta feira, manhã do dia 20 de setembro de 1918. (Festa dos
Estigmas de São Francisco) eu estava no coro fazendo a oração de ação de graças
da Missa e senti pouco a pouco que me elevava a uma oração sempre mais suave,
de pronto uma grande luz me deslumbrou e me apareceu Cristo que sangrava por
todas as partes.
De seu corpo chagado saíam raios de luz que mais bem pareciam flechas que me
feriam os pés, as mãos e o costado. Quando voltei a mim, me encontrei sozinho e
com chagas. As mãos, os pés e o costado sangravam e me doíam até fazerem perder
todas as forças para levantar-me. Sentia-me morrer, e haveria morrido se o
Senhor não houvesse vindo a sustentar-me o coração que sentia palpitar
fortemente em meu peito. Me arrastei até a cela. “Recostei-me e rezei, olhei
outra vez minhas chagas e chorei, elevando hinos de agradecimento a Deus”.
Os estigmas do padre Pio eram feridas profundas no centro das mãos, dos pés e o
costado esquerdo. Tinha mãos e pés literalmente traspassados e lhe saia sangue
vivo de ambos os lados, fazendo do padre Pio o primeiro sacerdote estigmatizado
na história da Igreja. O provincial dos Capuchinhos de Foggia convidou ao
Professor Romanelli, médico e diretor de um prestigioso hospital, para que
estudasse o caso e desse seu parecer. O Doutor Romanelli não teve a menor
dúvida do caráter sobrenatural do fenômeno.
Pouco depois a Cúria Geral dos Capuchinhos em Roma enviou a São Gionanni
Rotondo outro especialista, o professor Giorgio Festa. Suas conclusões foram
que “os estigmas do padre Pio tinham uma origem que os conhecimentos
científicos estavam muito longes de explicar. A razão de sua existência está
além da ciência humana”.
A notícia de que o padre Pio tinha os estigmas se estendeu rapidamente. Muito
rápido, milhões de pessoas acudiam a São Giovanni Rotondo para vê-lo, beijar
suas mãos, confessar-se com ele e assistir a suas longas Missas. Tinha para si
a dor e a humilhação, cuidava de esconder ainda mais as feridas e as dores que
causavam para evitar o fanatismo do povo.
Uma grande celebridade em matéria de psicologia experimental, o padre Agustim
Gemelli, franciscano, doutor em medicina, fundador da Universidade Católica de
Milão e grande amigo do Papa Pio XI, foi visitar ao padre Pio, mas como não
levava permissão por escrito para examinar suas chagas, este recusou a
mostrá-las.
O padre Gemelli saiu de São Giovanni com a idéia de que os estigmas eram
falsos, de natureza neurótica e publicou seu pensamento em um artigo publicado
em uma revista muito popular. O Santo Ofício se valeu da opinião deste grande
psicólogo e fez público um decreto no qual declarava a pouca constância na
sobrenaturalidade dos fatos.
Sobre os Estigmas, o Padre Gabriele Amorth esclarece: (Padre Gabriele Amorth é
o exorcista oficial do vaticano). As pessoas eram desconcertadas: se o Senhor
havia usado em Padre Pio aqueles sinais visíveis da Paixão, não seria um grande
convite correr a ele, como modelo de imitação de Cristo? Naquele ano, eu
escrevia todas as semanas na Famiglia Cristiana (Família Cristã). O diretor,
meu confrade, Pe. Zelli, sabia que eu era um assíduo de Padre Pio. Disse-me: “É
hora de falar claro. Escreva um artigo equilibrado e bem fundamentado; o
publicarei nas duas primeiras páginas, as mais qualificadas da revista”.
Assim escrevi meu artigo, que foi publicado em 23 de novembro de 1958, com o
título bastante provocativo: “Em resumo, duvidamos ou não acreditamos em Padre
Pio?” Não se pode negar, a principio, a possibilidade do estigma. Na história
da Igreja encontramos cerca de 340 pessoas que o haviam recebido; umas oitenta
dessas são canonizadas, às quais não há dúvidas de sua bondade e sinceridade
quanto ao tema. Tenta-se entender porque Deus manda estes males, que
significado têm. Provavelmente para recordar aos homens o valor redentor da dor
e convidar-los a meditar a Paixão do Salvador. Mas não se pode negar que, o
sujeito que a carrega, pode nos mostrar um confirmação plena da imagem de
Jesus. Talvez este aspecto, que é claro para nós, passe despercebido em Padre
Pio.
Para Padre Pio os estigmas são qualquer coisa que não suas; não se referem a
ele, são somente valores para recordar o sofrimento do Senhor. Conseqüentemente
deixa-se beijar, como se deveria uma imagem sacra; direi que nele há uma grande
veneração. Na realidade são uma imagem do Crucificado não esculpida na madeira
ou reproduzida em uma tela, mais impressa em sua carne viva.
A Igreja se pronuncia abertamente pela verdadeira história e características
sobrenaturais do estigma de São Francisco, que havia sido o primeiro a receber
de Deus aquele sinal de dor, semelhante ao de Jesus Cristo. Tem sido
precisamente assim – especialmente nos últimos anos – os critérios de base
sobre os quais se torna possível reconhecer ao menos a presença de um estigma
verdadeiro, ou seja, baseado em características sobrenaturais.
Na teoria, os princípios são claros; mas na prática, sim, precisa-se proceder
com muita cautela neste assunto, ao aplicar esses princípios, especialmente
quando se trata de uma pessoa viva. Apesar de tudo, acreditamos que, com
relação ao Padre Pio, possa ser dado um parecer. Outros ilustres teólogos já se
pronunciaram a respeito: todos nós nos rendemos à evidência de que não se trata
de um “novo acontecimento”, para o qual é apropriado duvidar, mas trata-se de
uma pessoa conhecidíssima, controladíssima, com setenta e um anos (Padre Pio
nasceu em 25 de março de 1887) e que há quarenta anos carrega o estigma;
conseqüentemente já há uma prova de tempo que, de modo não definitivo, legitima
um julgamento a título pessoal. Só o fato que Padre Pio tenha o estigma, não é
discutível. São testes médicos precisos e publicados; é uma verdade verificável
em qualquer momento.
Vejamos antes se podemos pensar que a origem de tais feridas é sobrenatural. Os
critérios nos quais deve se basear são estes cinco:
1. O estigma deve ser verdadeiro e adequado á ferida, importantes modificações
dos tecidos e localizado onde eram as feridas de Cristo (aproximadamente),
tratando-se de ferida mística não importa se, até o detalhe secundário,
respeita a verdade histórica comum na crença; o que quero dizer é que não
importa se as feridas são no pulso ou na palma da mão, se a ferida é natural
quando encontrada, diferentemente, em qualquer outra parte do corpo.
2. Deve aparecer instantaneamente; em geral causa dor aguda no dia, que recorda
a Paixão do Senhor, como na Sexta-feira e na Semana Santa. Ao contrário: a dor
pela ferida natural depende da situação atmosférica; portanto não há nenhum
respeito pelo calendário litúrgico.
3. No verdadeiro estigma há ausência de fatos supurativos: nenhuma podridão,
nenhum odor fétido, etc. Quando as lesões naturais prolongadas não são
desinfetadas, dão origem a supurações e podem causar gangrena.
4. Os estigmas são acompanhados de contínua hemorragia. Não são como outras
feridas.
5. Os estigmas permanecem inalterados, imunes a todo tratamento médico; não se
alteram por remédio terapêutico nem por tratamentos; duram até muitos anos. As
outras feridas, medicadas, cicatrizam-se. A ferida de Padre Pio responde a
todos esses requisitos.
É verdade que muitos médicos racionalistas haviam tentado demonstrar por vias
naturais (sugestionamento, histerismo, fixação, etc.) a estigmatização. Mas
foram seus testes que negaram, através de exames feitos, a inexistência de
fatos sobrenaturais: todos os argumentos não são reconhecidos cientificamente.
Muitos deles, tratando de forma patológica a situação, tentaram demonstrar
tratar-se de pessoa histérica ou anormal (como realmente acontece quando se
trata de coisas como esta).
O contrário ocorre, porém, em tipos como Padre Pio, pleno de bom senso e de sã
atividade, demonstrando ótimas condições psicológicas. Assim narra um jovem
médico americano que disse ao padre: “Eu não acredito nos seus estigmas; eles
só aparecem porque você pensava muito fixamente no estigma de Cristo”. E o bom
frei lhe respondeu com um sorriso bondoso: “Muito bem, filho; pensa
intensamente ser um boi; verá que te nascerão chifres”. Uma boa resposta para
persuadir naquele doutorzinho.
Se a situação é tão clara, porque a Igreja não se pronuncia? Porque há um outro
motivo. O Senhor dá esta graça a alguém que pratica a heróica virtude e que,
sozinho, também recebe outros dons sobrenaturais, como êxtase, bilocação, etc.
Notemos bem: se os estigmas são uma prova de santidade, a Igreja espera ver a
santidade como prova do estigma. E a santidade não consiste num dom especial de
Deus, que poderia dar a qualquer um a vantagem da fidelidade; mas este é um
exercício de virtude em grau heróico e com perseverança. Conseqüentemente,
somente depois da morte se pode ter controle: enquanto estamos vivos, corremos
todos os riscos de cair a qualquer momento, qualquer que seja de nosso grau de
união com Deus. É por isso que a Igreja não se pronuncia.
Mas isso não quer dizer que não possamos ter convicção sobre o Padre Pio: sobre
isso nós temos todos os direitos. É permitido admirar nele os prodígios da
graça, como é permitido “não crer”; não é nenhum pecado! Mas ainda nesse juízo
pessoal não devemos seguir o capricho ou os rumores. O Evangelho sugere esta regra:
“Pelos frutos se conhece a planta; se os frutos são bons, a planta é boa”. Que
seja assim o juízo que façamos, observando a paciência de Padre Pio, sua
caridade, sua aceitação da dor, sua vida santa dedicada somente em fazer o bem.
Não há quem não conheça historias de conversões, retornos à Igreja, vidas
transformadas pelo encontro com o padre. São fatos que não podemos tratar com
indiferença; como as curas, etc. Também nos sentimos irritados pelo excessivo
entusiasmo de uns ou fanatismo de outros.
O Papa Pio XI fez uma certa visita ao padre e fez parecer ser contra. Mas não
foi uma opinião oficial e muito menos irrevogável. Foi uma opinião como tantas,
expressa por um médico que fez o exame de outro médico. Com todo o respeito
pela categoria, Pio XI era desconhecedor dessas coisas. Ao contrário, se sabe
que no dia da beatificação de Santa Teresa de Lisieux Padre Pio foi visto
presente em São Pedro (mesmo estando em San Giovanni Rotondo); um outro
monsenhor testemunhou o fato, contou ao Papa, acrescentando que também D.
Orione havia visto. E o Papa respondeu: “Se Dom Orione também o viu, sim,
acredito”.
Na conclusão: porque somos livres, pensemos também com nossa cabeça. Mas,
usando o raciocínio razoável que deve sempre caracterizar um homem. É absurdo,
depois de tantos anos de provas e tantos testemunhos importantes, negar os
fatos e jogar um parecer inventado em um homem como Padre Pio. É um homem de
Deus, um “grande Sacerdote”, no pleno exercício do ministério em que há
repercussão mundial. Ninguém pode se contentar com isso, perceba que são
reconhecidos nele outros carismas sobrenaturais e o apreço de um instrumento do
Senhor pela graça extraordinária; relembre da Missa de fé que acontece em San
Giovanni Rotondo, nas elevadas personalidades eclesiásticas e civis que se
voltaram a ele, e se sentirá em boa companhia”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário